quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Pobreza está cada vez mais concentrada em grupo de 48 países, alerta UNCTAD

Em Jérémie, no Haiti, crianças brincam na Igreja Cristã Nan Lindy. Local abrigou centenas de pessoas que ficaram sem casa após a passagem do Furacão Matthew pelo país caribenho. Foto: UNICEF / LeMoyne
Em Jérémie, no Haiti, crianças brincam na Igreja Cristã Nan Lindy. 

Local abrigou centenas de pessoas que ficaram sem casa após a 
passagem do Furacão Matthew pelo país caribenho. 
País está na lista das 48 nações menos desenvolvidas do mundo. 
Foto: UNICEF / LeMoyne

Por ONU Brasil

A pobreza global está cada vez mais concentrada em um grupo de 48 países que estão ficando para trás na comparação com o restante do mundo em termos de desenvolvimento econômico, de acordo com relatório publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).


Em 45 anos desde que a lista dos 48 países menos desenvolvidos foi criada, apenas quatro saíram do grupo após atingir uma série de indicadores socioeconômicos.

A pobreza global está cada vez mais concentrada em um grupo de 48 países que estão ficando para trás na comparação com o restante do mundo em termos de desenvolvimento econômico, de acordo com relatório publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O relatório afirma que a meta global de reduzir o tamanho do grupo de países menos desenvolvidos não será alcançada a não ser que a comunidade internacional tome ações mais efetivas.

A lista inclui Afeganistão, Angola, Bangladesh, Benin, Butão, Burkina Faso, Burundi, Camboja, República Centro-Africana, Chade, Comores, República Democrática do Congo, Djibuti, Guiné Equatorial, Eritreia, Etiópia, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Kiribati, Haiti, Laos, Lesoto, Libéria, Madagascar, Malawi, Mali, Mauritânia, Moçambique, Myanmar, Nepal, Níger, Ruanda, São Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa, Ilhas Salomão, Somália, Sudão do Sul, Sudão, Timor-Leste, Togo, Tuvalu, Uganda, Tanzânia, Vanuatu, Iêmen e Zâmbia.

“É nesses países que a luta global pela erradicação da pobreza será vencida ou perdida”, disse o secretário-geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi. “Um ano atrás, a comunidade global concordou em ‘não deixar ninguém para trás’, mas isso é exatamente o que está acontecendo nos países menos desenvolvidos”.

A proporção de pobres no grupo de 48 países menos desenvolvidos mais do que dobrou desde 1990, para bem acima de 40%. A participação daqueles sem acesso a água também dobrou para 43,5% no mesmo período. Esses países agora respondem pela maioria (53,4%) das 1,1 bilhão de pessoas no mundo que não têm acesso a eletricidade, um aumento de dois terços.

Em seis países desse grupo a taxa de pobreza extrema está entre 70% e 80%, e em dez deles esse percentual está entre 50% e 70%. Há apenas quatro outros países no mundo onde a taxa está acima de 30% e em nenhum lugar está acima de 50%.

Isso faz com que o grupo dos países menos desenvolvidos fique numa “armadilha da pobreza”, um ciclo vicioso no qual a pobreza leva à baixa nutrição e saúde, à falta de educação, minando a produtividade e o investimento. Isso bloqueia o desenvolvimento sustentável necessário para reduzir a pobreza.

Os países só poderão quebrar esse ciclo vicioso com apoio internacional em finanças, comércio e tecnologia. A categoria de países menos desenvolvidos foi criada justamente para atrair tal apoio para aqueles que mais precisam.

Os países podem sair da lista ao atingir uma série de indicadores econômicos e sociais. Mas apenas quatro foram retirados em 45 anos desde que a classificação foi criada. Em 2011, a comunidade internacional estabeleceu a meta de reduzir o número de países no grupo até 2020. Mas na metade do caminho, esse objetivo parece estar longe de ser atingido, disse a UNCTAD.

Apenas um país (Samoa) saiu do grupo desde 2011; e outros três (Guiné Equatorial, Vanuatu e Angola) devem fazê-lo nos próximos anos. O relatório projeta que apenas outros 13 países irão se qualificar para sair do grupo até 2021, bem menos que os 21 necessários para atingir a meta em 2020.

As dificuldades em conseguir se retirar do grupo ou atingir o desenvolvimento de longo prazo apontam para a inadequação das medidas de apoio internacional ao desenvolvimento desses países, segundo a UNCTAD.

O relatório pede, então, melhoras em tais medidas, como atingimento das metas de doações para a assistência aos países menos desenvolvidos, mais isenções tributárias para as exportações dessas nações e esforços renovados para acabar com o impasse sobre tratamento especial desses países na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Outras medidas citadas pelo documento são o melhor monitoramento das transferências tecnológicas para as nações mais pobres e a implantação de um processo mais gradual de retirada desses países da lista, para limitar o impacto da perda de apoio internacional uma vez que saem do grupo.

Fonte: ONU Brasil.

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