quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Relatório de MSF analisa acesso ao tratamento da TB multirresistente

Foto: Helmut Wachter/MSF.

Por MSF (com adaptações)
Depois de mais de 50 anos sem inovação, dois novos medicamentos para tratar a TB foram aprovados condicionalmente para o uso – bedaquilina e delamanida. Mas, apenas 2% das 150 mil pessoas em necessidade tiveram acesso a eles, de acordo com a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

MSF e outros provedores de tratamento estão demonstrando que regimes mais robustos de tratamento para TB contendo um dos novos medicamentos para a doença, a bedaquilina (comercializada pela Johnson & Johnson) ou a delamanida (comercializada pela Otsuka), combinado a medicamentos “adaptados” - que não foram especificamente desenvolvidos para TB, mas demonstraram eficácia no tratamento da doença -, podem melhorar significativamente a saúde de pessoas com TB multirresistente (TB-MDR).

Nos projetos de MSF na Rússia (Chechênia) e na Armênia, 75% e 80% das pessoas, respectivamente, que foram tratadas com bedaquilina não apresentaram sinais de TB com base em taxas de “conversão de cultura” após seis meses. Isso indica que um número significativamente maior de pessoas poderiam completar o tratamento com sucesso e serem curadas do que aquelas que estão sob os tratamentos atuais, que são efetivos para apenas 50% das pessoas com TB-MDR.

De acordo com a Dra. Jennifer Hughes, que trabalha com MSF na África do Sul, o país tem liderado o acesso aos novos medicamentos para a TB-DR, com mais de 1.750 pessoas recebendo a bedaquilina em todo o território nacional desde 2013. “Alguns atores, inclusive MSF, estão oferecendo a delamanida por meio do uso compassivo a diversos pacientes com TB-DR que dispõem de opções de tratamento muito limitadas, embora a delamanida não vá ser disponibilizada amplamente até que seja registrada localmente. Apesar do progresso, é provável que todo paciente de TB-DR seja beneficiado com melhores regimes de tratamento, mas o acesso a novos medicamentos em grande escala não está nem próximo de ser uma realidade. ”

MSF publicou recentemente a quarta edição do relatório “DR-TB Drugs Under the Microscope” (“Medicamentos para TB-DR sob o microscópio”, em tradução livre para o português), que analisa as barreiras e os fatores que afetam o acesso a regimes de tratamento para a TB resistente a medicamentos.

O relatório aponta que os regimes de tratamento atuais preferenciais para a TB-DR têm seu preço estabelecido entre US$1.800,00 e US$4.600,00 por pessoa por curso de tratamento, sem incluir os novos medicamentos para TB nem os medicamentos adaptados que seriam combinados a eles e que poderiam aumentar a eficácia dramaticamente. Isso representa uma importante redução em comparação ao primeiro relatório publicado sobre o mesmo assunto em 2011, quando os mesmos regimes de tratamento custavam entre US$4.400,00 e US$9.000,00 por pessoa. No entanto, a adição dos medicamentos novos e adaptados que poderiam tornar o tratamento muito mais tolerável e aumentar sua taxa de sucesso, poderia, infelizmente, resultar em um novo aumento dos preços.


MSF ressalta a necessidade urgente de ampliar o acesso das pessoas a esses tratamentos mais efetivos, tornando-os acessíveis e disponíveis. “A TB tem cura, mas ainda assim é, atualmente, a doença infecciosa que mais mata no mundo”, afirma a Dra. Grania Brigden, consultora de TB da Campanha de Acesso a Medicamentos de MSF. “Precisamos desesperadamente de um tratamento que seja mais tolerável, que cure mais pessoas e que seja mais acessível e disponível. Do contrário, trata-se apenas de negócios habituais com consequências mortais”.

Fonte: MSF.

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