quinta-feira, 17 de maio de 2018

Pela 1ª vez, OMS publica lista com diagnósticos essenciais para centros de saúde

Por G1

Objetivo é possibilitar tratamento precoce, aumentar chances de cura e direcionar investimentos. 

Todos devem ter acesso a exames de perfil metabólico, como glicose e colesterol, diz a OMS. Também exames pontuais, para avaliar a função do fígado, por exemplo, podem ser pedidos a partir da avaliação de especialista (Foto: Jarmoluk/Pixabay)
 (Foto: Jarmoluk/Pixabay)
Organização Mundial de Saúde publicou, pela 1ª vez, uma lista de 113 diagnósticos as quais todas as pessoas deveriam ter acesso. Tratam-se dos testes mais comuns, como para detecção do HIV e diabetes, até de doenças prioritárias para o combate global: como a malária. Os testes são recomendações e não têm o poder de serem obrigatórios; as decisões da OMS, entretanto, servem para justificar e validar políticas de saúde de governos locais.

A lista com os testes chega para complementar uma outra mantida pela OMS - a de medicamentos essenciais, que existe há mais de quatro décadas. Ela foi elaborada entre os dias 16 e 20 de abril desse ano em reuniões com 19 especialistas nos arredores da sede da OMS em Genebra (Suíça).

A iniciativa é importante por motivos que vão desde ao tratamento a um melhor uso de recursos. A ausência de testes de rotina para HIV e tuberculose, por exemplo, podem deixar as doenças mais difíceis de tratar e facilitar sua disseminação: tratamentos antirretrovirais hoje contra o HIV, por exemplo, têm o poder de deixar a carga viral tão baixa que soropositivos para o vírus perdem o potencial de infectar outras pessoas.

Outro ponto é que a ausência de diagnóstico atrasa tratamentos: a OMS estima, por exemplo, que 46% dos adultos mundialmente não receberam o diagnóstico para a diabetes tipo 2. A condição pode levar à cegueira e à amputação se não tratada - juntamente com outras consequências tóxicas para o organismo.

"Um diagnóstico preciso é o primeiro passo para obter um tratamento eficaz", diz o Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em nota.

"Ninguém deveria sofrer ou morrer por falta diagnóstico, ou porque os testes certos não estavam disponíveis."


Exames dependem de avaliação

Os 113 testes são divididos em dois grupos: 58 para o diagnóstico de condições comuns, como o rastreamento de sangue e urina; e os outros 55 para doenças prioritárias para o monitoramento e controle, como HIV, tuberculose, malária, hepatites B e C, HPV e sífilis. Confira alguns;

  1. Hemoglobina - para detecção de anemia;
  2. Contagem de glóbulos brancos - para detecção de infecções;
  3. Albumina - para detectar má nutrição, doenças do fígado e do rim;
  4. Glicose - para diagnosticar diabetes e hipoglicemia;
  5. Hemoglobina glicada - para monitorar diabetes;
  6. Diagnósticos para Hepatite B;
  7. Diagnósticos para Hepatite C;
  8. Testes para HIV;
  9. Testes para malária;
  10. Testes para tuberculose (a depender das condições laboratoriais, pode incluir mapeamento para bactérias resistentes);
  11. Testes para sífilis;
  12. Testes de eletrólitos (monitoramento de danos a órgãos) ;
  13. Proteína C-Reativa (para detectar inflamações; também é um indicador de doença cardiovascular);
  14. Perfil de lipídios (colesterol, triglicérides);
  15. Bilirrubina - Monitora doenças de fígado, pâncreas e pode indicar anemia;
  16. Exames de urina (para detectar contagem de células brancas e vermelhas, bactérias e outros micro-organismos);
  17. PH do sangue e gases (para detectar função pulmonar, metabólica e monitorar terapias com oxigênio);
  18. Creatinina (marcador para uma série de condições, como infecções generalizadas);
  19. Painel metabólico (pode incluir glicose, cálcio, creatinina);
Segundo a OMS, muitos dos testes são adequados para cuidados de saúde primários como Unidades Básicas de Saúde; já outros, necessitam de hospitais com laboratórios. A entidade indica que a lista é básica e será agora atualizada periodicamente. O principal intuito, entretanto, é ajudar países em desenvolvimento a decidir para onde vai o investimento.

“Nosso objetivo é fornecer uma ferramenta para testar e tratar melhor, mas também indicar o uso de recursos de forma mais eficiente”, afirma Mariângela Simão, diretora-geral adjunta da OMS para medicamentos e vacinas, em nota.

A OMS indica que a adoção dos testes vai depender da opinião do médico -- que vai analisar a necessidade individual por meio dos sintomas e de dados epidemiológicos do entorno: por exemplo, um pedido para testes de malária deve considerar se a pessoa mora em um país endêmico ou se viajou recentemente para regiões onde há transmissão.

Fonte: G1.

domingo, 4 de março de 2018

OMS recomenda aumentar oferta de testes e tratamento para prevenir tuberculose



A tuberculose é a causa mais comum de hospitalização e morte entre pessoas HIV positivas. Foto: EBC
A tuberculose é a causa mais comum de hospitalização
 e morte entre pessoas HIV positivas. Foto: EBC
Por UNU Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou ampliação do acesso aos testes e ao tratamento da infecção por tuberculose (TB), especialmente entre grupos que estão particularmente em risco, como crianças pequenas e pessoas vivendo com HIV. A mudança expandirá o acesso aos testes e cuidados para pessoas com infecção latente. Caso não recebam o tratamento adequado, pessoas com essa condição podem desenvolver tuberculose ativa no futuro. 

“As novas orientações da OMS ajudarão os países a catalisar a prevenção da TB e contribuirão para acabar com a epidemia de tuberculose”, disse Tereza Kasaeva, diretora do Programa Global de TB da OMS. “Certificar-se de que todos possam obter o tratamento de que necessitam, para evitar que a tuberculose latente se torne uma TB ativa, salvará vidas e reduzirá o sofrimento”. 

As novas diretrizes da OMS para o gerenciamento programático da infecção latente da tuberculose recomendam ações em três frentes. A primeira delas é a expansão do número de grupos priorizados para o teste e para o tratamento da infecção latente de tuberculose. Os profissionais de saúde têm priorizado testes e tratamento de pessoas vivendo com HIV e de crianças menores de 5 anos que estiveram em contato com pessoas com TB. A OMS já identificou como grupos adicionais de alto risco crianças soronegativas com mais de 5 anos, adolescentes e adultos que tiveram contato com pacientes com TB e TB multidroga resistente. 

A segunda frente de atuação é a expansão das opções de teste. A OMS recomenda a ampliação dos testes para a infecção latente de tuberculose em países com alta e baixa carga da doença. O teste de tuberculina ou o interferon-gamma release assay (IGRA) podem ser utilizados para testar a infecção latente. A doença ativa deve sempre ser descartada antes da prescrição do tratamento preventivo, de acordo com as diretrizes da OMS. 

A terceira é a expansão das opções de tratamento. A OMS está recomendando dois novos regimes de tratamento, mais curtos, para tratar a infecção latente por tuberculose. As drogas rifapentina e isoniazida utilizadas semanalmente por três meses podem ser oferecidas como alternativa aos seis meses de monoterapia com isoniazida como tratamento preventivo para adultos e crianças. A administração dessas duas drogas diariamente por três meses deve ser oferecida como alternativa aos seis meses de monoterapia com isoniazida como tratamento preventivo para crianças e adolescentes menores de 15 anos. Esses regimes mais curtos ajudarão os pacientes a aderirem e completarem o tratamento. 

A OMS também está lançando um aplicativo para dispositivos móveis com o intuito de apoiar o gerenciamento programático da infecção latente de tuberculose. Os países são encorajados a adaptar essa ferramenta aos seus contextos e também a garantir o monitoramento e a avaliação sistemáticos. 

“A ampliação do tratamento preventivo para tuberculose tem sido lenta. Apenas 12 dos 30 países com uma alta carga da doença associada ao HIV notificaram a provisão de tratamento preventivo entre pessoas vivendo com HIV e apenas 13% das 1,3 milhões de crianças elegíveis receberam o tratamento preventivo em 2016”, afirmou Haileyesus Getahun, coordenador para TB/HIV e envolvimento comunitário do Programa Global de TB da OMS. “Esperamos que as novas diretrizes rompam o status quo em muitos países e contribuam para a implementação global dos esforços para a prevenção da tuberculose”. 

Espera-se que as diretrizes consolidadas orientem o desenvolvimento das diretrizes nacionais para a gestão da tuberculose latente, adaptadas à epidemiologia nacional e local, à infraestrutura da saúde e a outros determinantes. Elas também contribuirão nas respostas mundiais e nacionais para encontrar e atingir os pacientes com tuberculose que não estão sob cuidados, por meio de rastreio e teste sistemáticos. 

As diretrizes devem ser usadas principalmente em programas nacionais de controle de TB e HIV ou seus equivalentes nos ministérios da saúde e para outros responsáveis pela formulação de políticas sobre TB e HIV e doenças infecciosas. Elas também são apropriadas para funcionários de outros ministérios com linhas de trabalho na área da saúde. 

“Estamos ansiosos para implementar estas novas diretrizes, pois elas oferecem uma série de oportunidades, incluindo regimes de TB preventivos mais simples, mais curtos, que ajudarão a revigorar a ampliação da prevenção da tuberculose em países como o nosso, que tem uma alta carga da doença”, pontuou Yogan Pillay, diretor-geral para a saúde na África do Sul. “Essas diretrizes são claramente transformadoras e percorrerão um longo caminho para garantir que nenhuma pessoa em risco seja deixada para trás”.

Fonte: ONU Brasil.