Por ONUBR
População afrodescendente também é mais afetada por miséria no Brasil, alerta CEPAL. Foto: Flickr / Andrea Moroni (CC) |
Em relatório divulgado pela Comissão Econômica para a
América Latina e Caribe (CEPAL) alerta que indígenas, negros e mulheres estão
mais vulneráveis ao desemprego e à pobreza em países latino-americanos.
No Brasil, índice de miséria entre os
afrodescendentes chega à média de 22%, valor duas vezes maior que entre os
brancos (10%).
A pesquisa do organismo regional identifica o que
chama de “eixos estruturantes” da desigualdade social, como gênero e aspectos
étnico-raciais.
Com base em dados de 2014 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a CEPAL calculou que a porcentagem de indígenas
brasileiros vivendo em situação de pobreza extrema — 18% — é seis vezes maior
do que a proporção verificada no restante da população do país. Entre os
negros, a taxa é menor (6%), mas representa o dobro do índice de indigência
entre os brancos.
As disparidades atravessam outros níveis de renda. No
Brasil, 49% dos indígenas e 33% dos afrodescendentes pertencem à quinta parte
mais pobre da população. Vinte e quatro porcento dos indivíduos brancos estão
entre os 20% mais ricos da sociedade. O valor é três vezes maior do que a
participação dos negros (8%) e dos indígenas (7%) nesse grupo mais abastado.
As desigualdades nacionais acompanham padrões
regionais, segundo a CEPAL. Em média, na América Latina 37% dos indígenas e 34%
dos negros fazem parte dos 20% mais pobres e taxa de participação desses grupos
nas camadas mais ricas equivale a aproximadamente metade dos índices calculados
para os brancos.
Renda, emprego e qualificação
Considerando a faixa etária dos 15 aos 29 anos, a
pesquisa revela que, no Brasil, homens brancos enfrentam um índice de
desemprego de 9,9%, ao passo que entre mulheres negras a taxa atinge 19,4%,
mesmo a média de escolaridade variando apenas 0,2 ano entre os dois grupos — de
9,8 entre o público branco masculino e para 9,6 entre mulheres
afrodescendentes.
Mesmo quando mulheres brasileiras permanecem mais
tempo na educação formal — como é o caso das mulheres brancas, que se
qualificam por um período estimado em 10,6 anos —, a desocupação permanece mais
alta entre o público feminino jovem, chegando a 14,6%. Os dados utilizados para
a análise são de 2014.
Na América Latina, a proporção de mulheres negras e
brancas que dependem de transferência de renda é quase a mesma — 27% e 26%
respectivamente. Os homens, em ambos os casos, dependem menos dessa via — 14%
do público masculino dos dois segmentos.
Avaliando a população empregada do Brasil, Equador,
Peru e Uruguai, a CEPAL descobriu que a escolaridade média dos brancos
empregados — 9,4 anos — é significativamente mais elevada que a de
afrodescendentes — 7,1 anos.
A população indígena também aparece particularmente
vulnerável à falta de acesso a educação. Cerca de 20% dos jovens indígenas
latino-americanos de 12 a 17 anos não frequentam a escola. A proporção cai para
cerca da metade, quando analisada a população branca.
A CEPAL estima que no Brasil, Colômbia, Nicarágua e
Panamá, menos de 5% dos jovens indígenas do meio rural, com idade de 20 a 29
anos, possuem 13 ou mais anos de estudo.
Fonte: Nações Unidas no Brasil.
Saiba Mais: La matriz de la desigualdad social en América Latina.
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