segunda-feira, 22 de maio de 2017

Tuberculose surgiu há 70 mil anos e evoluiu com o homem

Por Veja Ciência

Segundo estudo, bactéria que causa a doença surgiu na África e acompanhou humanos durante processo de expansão ao redor do planeta

A tuberculose surgiu na África há 70.000 anos – e a doença possui uma trajetória evolutiva próxima a dos seres humanos. É o que concluiu um estudo internacional que analisou 259 amostras da bactéria Mycobacterium tuberculosis, causadora da doença. 

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Out-of-Africa migration and Neolithic coexpansion of Mycobacterium tuberculosis with modern humans

Onde foi divulgada: periódico Nature Genetics

Quem fez: KathIñaki Comas, Mireia Coscolla, Tao Luo, Sonia Borrell, Kathryn E Holt, Midori Kato-Maeda, Julian Parkhill, Stephen Bentley, Simon R Harris, Stefan Niemann, Roland Diel, Abraham Aseffa, Qian Gao, Douglas Young, Sebastien Gagneux e outros

Instituição: Instituto de Saúde Pública e Tropical Suíço e outras

Dados de amostragem: Genoma de 259 cepas da bactéria Mycobacterium tuberculosis, colhidas em diversas partes do mundo

Resultado: Os pesquisadores concluíram que a bactéria que causa a tuberculose se originou na África há 70.000 anos e tem uma trajetória evolutiva parecida com a dos seres humanos.

Liderados por Sebastien Gagneux, do Instituto de Saúde Pública e Tropical Suíço, os pesquisadores sequenciaram o genoma completo de 259 cepas da bactéria, colhidas em diversas partes do mundo. 

Comparando a árvore evolutiva da bactéria com a do homem, os pesquisadores descobriram semelhanças que indicam uma relação próxima entre eles: ambos surgiram na África, emigraram juntos e se expandiram por todo o mundo.

Evolução – O comportamento migratório dos humanos modernos, alinhado a mudanças no estilo de vida, com pessoas vivendo em grupos maiores, favoreceu a evolução e transmissão da doença. “Nós vemos que a diversidade de bactérias causadoras da tuberculose aumentou quando a população humana se expandiu” afirma Gagneux.

Os resultados indicam ainda que a tuberculose não deve ter chegado aos humanos a partir de animais domesticados, como é o caso de outras doenças. “Simplesmente porque a Mycobacterium tuberculosis surgiu muito antes de os humanos começaram a domesticar animais”, explica o pesquisador.

A doença – A tuberculose ainda é considerada uma ameaça à saúde, principalmente nos países menos desenvolvidos. Ela é transmitida pelo ar, de pessoa para pessoa – estima-se que uma pessoa infectada possa contaminar de 10 a 15 pessoas por ano.

De acordo com a OMS, de todas as doenças infecciosas, apenas o vírus HIV, causador da aids, provoca mais mortes do que a tuberculose. Em 2011, 8,7 milhões de pessoas contraíram tuberculose, sendo que 1,4 milhão morreram.

A doença é tratada com uma combinação de antibióticos, que deve ser utilizada durante seis meses. O fato de muitos pacientes abandonarem o tratamento antes de sua conclusão, além do uso excessivo ou equivocado de antibióticos, tem contribuído para que o bacilo desenvolva resistência aos medicamentos. Em 2012, na Índia, médicos relataram casos de tuberculose totalmente resistente, para a qual não há nenhum medicamento eficaz.


Fonte: Veja Ciência.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Tuberculose causa 5 mil mortes por dia no mundo, alerta OMS

Por ONU BR (adaptado)

A tuberculose, principal doença infecciosa do mundo, causa em torno de 5 mil mortes por dia globalmente. A maior incidência de tuberculose recai sobre comunidades que enfrentam desafios socioeconômicos: migrantes, refugiados, pessoas privadas de liberdade, pessoas que vivem em situação de rua, minorias étnicas, mineiros e outras que trabalham e vivem em ambientes sujeitos a riscos, além das mulheres marginalizadas, crianças e idosos.

Pobreza, desnutrição, situações precárias de moradia e saneamento — agravados por outros fatores de risco, como HIV, tabagismo, consumo de álcool e diabetes — podem colocar as pessoas em risco elevado de contrair tuberculose e dificultar o acesso aos cuidados.

Mais de um terço das pessoas (4,3 milhões) com tuberculose no mundo não são diagnosticadas ou notificadas; algumas não recebem cuidados e outras recebem cuidados de qualidade questionável.

A nova orientação ética da OMS aborda questões controversas, como o isolamento de pacientes contagiosos, os direitos dos pacientes com tuberculose que vivem em privação de liberdade e as políticas discriminatórias contra os migrantes afetados pela doença, entre outras.

Também enfatiza cinco obrigações éticas fundamentais para governos, trabalhadores de saúde, prestadores de cuidados, organizações não governamentais, pesquisadores e outras partes interessadas.

Segundo a OMS, esses profissionais têm a obrigação de fornecer aos pacientes o apoio social que necessitam para cumprir suas responsabilidades; abster-se de isolar os pacientes com tuberculose antes de esgotar todas as opções para permitir a adesão ao tratamento e apenas sob condições muito específicas.

Além disso, esses profissionais precisam permitir que “populações-chave” acessem o mesmo tipo de cuidados oferecidos a outros cidadãos; garantir que todos os profissionais de saúde operem em um ambiente seguro; e compartilhar rapidamente evidências das pesquisas realizadas para atualizar as políticas nacionais e globais sobre tuberculose.

Das orientações à ação

Proteger os direitos humanos, a ética e a equidade são os princípios que sustentam a Estratégia da OMS para a Eliminação da Tuberculose. No entanto, não é fácil aplicar esses princípios em campo.

Pacientes, comunidades, profissionais de saúde, formuladores de políticas e outras partes interessadas frequentemente enfrentam conflitos e dilemas éticos. A atual crise da tuberculose multidroga resistente e a ameaça à segurança da saúde que ela representa acentuam ainda mais a situação.

“Somente quando intervenções eficazes baseadas em evidências forem informadas por um sólido quadro ético e pelo respeito aos direitos humanos, teremos êxito em alcançar nossos ambiciosos objetivos de acabar com a epidemia de tuberculose e alcançar cobertura de saúde universal. A aspiração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de não deixar ninguém para trás está centrada nisso”, disse Mario Raviglione, diretor do Programa Mundial de Tuberculose da OMS.

Fonte: ONU BR.