Foto: Helmut Wachter/MSF. |
Por MSF (com adaptações)
Depois de mais de 50 anos
sem inovação, dois novos medicamentos para tratar a TB foram aprovados
condicionalmente para o uso – bedaquilina e delamanida. Mas, apenas 2% das 150
mil pessoas em necessidade tiveram acesso a eles, de acordo com a organização humanitária
internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).
MSF e outros provedores de
tratamento estão demonstrando que regimes mais robustos de tratamento para TB contendo
um dos novos medicamentos para a doença, a bedaquilina (comercializada pela
Johnson & Johnson) ou a delamanida (comercializada pela Otsuka), combinado
a medicamentos “adaptados” - que não foram especificamente desenvolvidos para
TB, mas demonstraram eficácia no tratamento da doença -, podem melhorar
significativamente a saúde de pessoas com TB multirresistente (TB-MDR).
Nos projetos de MSF na
Rússia (Chechênia) e na Armênia, 75% e 80% das pessoas, respectivamente, que
foram tratadas com bedaquilina não apresentaram sinais de TB com base em taxas
de “conversão de cultura” após seis meses. Isso indica que um número significativamente
maior de pessoas poderiam completar o tratamento com sucesso e serem curadas do
que aquelas que estão sob os tratamentos atuais, que são efetivos para apenas
50% das pessoas com TB-MDR.
De acordo com a Dra.
Jennifer Hughes, que trabalha com MSF na África do Sul, o país tem liderado o
acesso aos novos medicamentos para a TB-DR, com mais de 1.750 pessoas recebendo
a bedaquilina em todo o território nacional desde 2013. “Alguns atores,
inclusive MSF, estão oferecendo a delamanida por meio do uso compassivo a
diversos pacientes com TB-DR que dispõem de opções de tratamento muito limitadas,
embora a delamanida não vá ser disponibilizada amplamente até que seja
registrada localmente. Apesar do progresso, é provável que todo paciente de
TB-DR seja beneficiado com melhores regimes de tratamento, mas o acesso a novos
medicamentos em grande escala não está nem próximo de ser uma realidade. ”
MSF publicou recentemente
a quarta edição do relatório “DR-TB Drugs Under the Microscope” (“Medicamentos para TB-DR sob o
microscópio”, em tradução livre para o português), que analisa as barreiras e
os fatores que afetam o acesso a regimes de tratamento para a TB resistente a
medicamentos.
O relatório aponta que os regimes de tratamento
atuais preferenciais para a TB-DR têm seu preço estabelecido entre US$1.800,00
e US$4.600,00 por pessoa por curso de tratamento, sem incluir os novos
medicamentos para TB nem os medicamentos adaptados que seriam combinados a eles
e que poderiam aumentar a eficácia dramaticamente. Isso representa uma
importante redução em comparação ao primeiro relatório publicado sobre o mesmo
assunto em 2011, quando os mesmos regimes de tratamento custavam entre
US$4.400,00 e US$9.000,00 por pessoa. No entanto, a adição dos medicamentos
novos e adaptados que poderiam tornar o tratamento muito mais tolerável e
aumentar sua taxa de sucesso, poderia, infelizmente, resultar em um novo
aumento dos preços.
MSF ressalta a necessidade urgente de
ampliar o acesso das pessoas a esses tratamentos mais efetivos, tornando-os
acessíveis e disponíveis. “A TB tem cura, mas ainda assim é, atualmente, a
doença infecciosa que mais mata no mundo”, afirma a Dra. Grania Brigden,
consultora de TB da Campanha de Acesso a Medicamentos de MSF. “Precisamos
desesperadamente de um tratamento que seja mais tolerável, que cure mais
pessoas e que seja mais acessível e disponível. Do contrário, trata-se apenas
de negócios habituais com consequências mortais”.
Fonte: MSF.
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