segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Uma em cada cinco pessoas com tuberculose não sabe que tem a doença nas Américas

Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A falta de acesso a água potável e saneamento básico adequado é uma das causas da tuberculose. Foto: Agência Brasil
Belford Roxo, Baixada Fluminense.
Foto: Agência Brasil

Por ONU Brasil

Cerca de 220 mil casos foram notificados em 2012, mas estima-se que outras 60 mil pessoas não foram diagnosticadas, a maioria em cidades.

Uma em cada cinco pessoas afetadas com tuberculose na região das Américas desconhece ter a doença, por não possuir acesso a serviços de saúde ou pelo fato de a doença não ter sido detectada corretamente, de acordo com estimativas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS).

Quase 220 mil casos foram notificados em 2012 e estima-se que tenham ocorrido cerca de 19 mil mortes por tuberculose nas Américas. Estima-se que, para além disso, cerca de 60 mil pessoas não foram diagnosticados a tempo. Isto não só coloca em risco a vida das pessoas com a doença, mas também perpetua a transmissão da tuberculose, gerando problemas sócio-econômicos para as pessoas atingidas e suas comunidades.

“Chegar ao diagnóstico e tratamento para todos só pode ser alcançado se todos os prestadores de cuidados de saúde, organizações comunitárias, parceiros e países unirem esforços para detectar e tratar essas 60 mil pessoas”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne, marcando o Dia Mundial da Tuberculose.

“O acesso universal aos serviços de saúde de qualidade através de sistemas de saúde baseados em cuidados primários vai ajudar a reduzir a carga de tuberculose e garantir uma vida longa e produtiva para as pessoas que vivem nas Américas”, acrescentou.

O fardo da tuberculose varia por país e está concentrado principalmente nas populações mais vulneráveis que vivem nas grandes cidades – geralmente em favelas, onde as condições de vida levam a superlotação, acesso limitado a água potável e saneamento e acesso limitado a serviços de saúde.

Segundo a OMS, cerca de 80% da população da América Latina e do Caribe vive em cidades e uma em cada quatro pessoas vive na pobreza.

No mundo, três milhões sem tratamento

“Ao cuidar dos 3 milhões de pessoas que não têm o tratamento que necessitam, vamos promover um futuro melhor para toda a humanidade”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon , em sua mensagem para o Dia: “Todos com tuberculose devem ter acesso aos serviços de que necessitam para o diagnóstico rápido, tratamento e cura. Esta é uma questão de justiça social.”

Mesmo quando há o dignóstico, destacou Ban, muitos não têm acesso a um tratamento eficaz.

“Para acelerar os resultados, é preciso aumentar o acesso aos serviços de saúde e mobilizar as comunidades, hospitais e prestadores para atingir mais pessoas e tratá-las mais rapidamente. Devemos também investir mais em pesquisa para encontrar ferramentas de diagnóstico, medicamentos e vacinas”, disse o chefe da ONU.

A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, realizou uma coletiva de imprensa em Genebra sobre o estado dos esforços globais para tratar a tuberculose, a segunda doença infecciosa mais mortal do mundo entre os adultos, depois do HIV/aids.

Todos os anos, a tuberculose mata 1,3 milhão de pessoas pelo mundo e atinge outras 9 milhões.

A tuberculose, transmitida pelo Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch, é provavelmente a doença infecto-contagiosa que mais mortes ocasiona no Brasil. Estima-se, ainda, que mais ou menos 30% da população mundial estejam infectados, embora nem todos venham a desenvolver a doença. Proximidade com pessoas infectadas, assim como os ambientes fechados e pouco ventilados favorecem o contágio.

UNAIDS pede acesso precoce aos serviços de testagem e tratamento de HIV e tuberculose

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) fez um apelo urgente a fim de intensificar esforços globais para assegurar testagem e tratamento precoce de tuberculose e HIV.

A tuberculose continua a ser principal causa de morte entre pessoas que vivem com HIV. Em 2012, estima-se que 1,1 milhão de novos casos de tuberculose ocorrerão em pessoas vivendo com HIV – com 75% dos novos casos ocorrendo na África.

O impacto conjunto dessas doenças é devastador para milhões de pessoas e suas famílias, segunda a agência da ONU. “Isto é inaceitável, pois a tuberculose possui cura e pode ser prevenida. Ao expandir o acesso à prevenção básica de tuberculose para pessoas que vivem com HIV, o objetivo de reduzir em 50% o número de mortes pode ser alcançado até 2015.”

Estudos mostram que o diagnóstico e o acesso precoce ao tratamento de HIV podem reduzir em 65% o risco de infecção por tuberculose. Quando o tratamento de tuberculose é combinado com terapia antirretroviral (TARV), o risco da doença pode ser reduzido cerca de 90%.

Pessoas com maior vulnerabilidade devem ter a oportunidade de conhecer seu status e iniciar o tratamento mais cedo para prevenir a tuberculose ativa. Se pessoas vivendo com HIV desenvolvem tuberculose ativa, o tratamento imediato de TARV pode reduzir a chance de morte em cerca de 50%.

Infelizmente, apesar do conhecimento da importância do diagnóstico e tratamento precoce de HIV e tuberculose, milhões de pessoas muitas vezes descobrem tarde demais que estão infectadas.


Fonte: ONU Brasil.